sábado, 28 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

Ônibus da morte



Execução itinerante é novo método para se livrar de condenados

Tirando a sirene no teto, ele não tem nada de especial. É um micro-ônibus azul e branco, com janelas escurecidas e a palavra “polícia” discretamente pintada na porta. Mas, quando os presos o ouvem se aproximar, o fim está próximo: é um dos 40 ônibus da morte criados pelo governo chinês, que viajam pelo país executando os condenados à pena capital.
Quando chega a uma cidade, o ônibus vai direto para o presídio. Ele tem uma maca e acomodações para apenas 6 pessoas – o médico, o oficial de execução e os guardas. O prisioneiro é tirado da cela, amarrado à maca e recebe uma injeção com sódio tiopental (para que ele fique inconsciente), brometo de pancurônio e cloreto de potássio, substâncias que causam parada respiratória e cardíaca. A execução é transmitida ao vivo, por um circuito fechado de TV, para as autoridades locais. Se houver mais algum condenado para matar, repete-se o procedimento. Se não, é hora de cair na estrada. Segundo o governo, os ônibus da morte são uma tentativa de humanizar o sistema de execuções na China (o número oficial não é divulgado, mas acredita-se que até 10 mil pessoas sejam executadas por ano). Antes da criação da frota, em 2004, a maioria dos condenados era morta a tiros. Isso porque a injeção letal, considerada um método de execução menos cruel, só estava disponível em Pequim – e nem todas as cidades podiam, ou queriam, pagar para que seus condenados viajassem até lá. “Eu tenho orgulho [do ônibus]. Ele é humano, como uma ambulância”, disse o criador dos veículos, Kang Zhongwen, ao jornal USA Today. Mas ongs de defesa dos direitos humanos afirmam que o verdadeiro objetivo dos ônibus da morte é outro. Eles estariam sendo usados como pequenos centros cirúrgicos, onde os órgãos dos presos seriam retirados logo após a execução – e vendidos no mercado negro por autoridades chinesas. Mas é difícil provar essa acusação, pois o corpo dos condenados é cremado logo após a morte.

nossa cultura está permeada por valores humanos? seríamos humanos desumanizados?

sábado, 21 de março de 2009

"Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!"


A palavra alienação tem várias definições: cessão de bens, transferência de domínio de algo, perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, arrombamento de espírito, loucura. A partir desses significados traçam algumas diretrizes para melhor analisar o que é a alienação, e assim buscar alguns motivos por quais as pessoas se alienam. Ainda assim, os processos alienantes da vida humana foram tratados de maneira atemporal, defraudada, abstraído de processos sócio-econômicos concreto.

A alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesmo, se tornando sua própria negação.
Alienação se refere á diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprio.

A sobrevivência do homem implica uma transformação da natureza e do outro à sua imagem e semelhança, o que impõe uma transformação de si mesmo à imagem e semelhança do mundo e do outro. Viver para o homem é objetivar-se, ser fora de si.
Real? Virtual? Vida? Ficção? Onde estamos?

você conhece os planos futuros das nações unidas?
http://www.onu-brasil.org.br/

sexta-feira, 20 de março de 2009

Gran torino Clint eastwood


Um carro de 1972 cuidadosamente parado na garagem. Sempre limpo, bem lustrado, mecânica perfeita. O Ford Gran Torino de Walt Kowalski (Clint Eastwood) é o último resquício de uma época que não existe mais, em que os Estados Unidos eram um país próspero, com uma forte indústria automobilística e sem imigrantes espalhados por todos os cantos. Um tempo de que Walt Kowalski sente saudades.

Em “Gran Torino”, que estreia nesta sexta-feira (20) nos cinemas, é justamente isso que Clint Eastwood –diretor, além de protagonista– quer mostrar: como os Estados Unidos mudaram desde os anos 70 e, principalmente, como para alguns americanos essas transformações são sinônimo de decadência.

afinal essa tal decadência é um privilégio deles?
será que a "crise" possui apenas um caráter econômico?

quinta-feira, 19 de março de 2009

A nova arma contra o câncer


"Para os cientistas, o diagnóstico precoce e os testes genéticos são as novas armas contra o câncer, que somente neste ano deve invadir os corpos de 460 mil brasileiros."

Confira:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG86755-7855-212,00-A+NOVA+ARMA+CONTRA+O+CANCER.html

Abaporu. Tarsila do Amaral


Abaporu vem de 'aba' e 'poru' e significa o mesmo que Antropofagia, que vem do grego,antropos (homem) e fagia (comer), ou seja, "homem que come", em tupi-guarani. Foi pintado em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral para dar de presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época.

'Tarsila de Amaral valorizou o trabalho braçal (corpo grande) e desvalorizou o trabalho mental(cabeça pequena) na obra, pois era o trabalho braçal que tinha maior importância na época.'

A composição - um homem, o sol e um cactus - inspirou Oswald de Andrade a escrever o Manifesto Antropófago e criar o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro.

Escola de Frankfurt

Os filósofos da Teoria Crítica consideram que existem, na verdade, duas modalidades da razão: a razão instrumental ou razão técnico-científica, que está a serviço da exploração e da dominação, da opressão e da violência, e a razão crítica ou filosófica, que reflete sobre as contradições e os conflitos sociais e políticos e se apresenta como uma força liberadora.

que padrão de racionalidade prevalece na atualidade?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Lavrador de Café - Candido Portinari



"A tortura deu lugar às descobertas mecânicas mais engenhosas, cuja produção dá trabalho a uma imensidade de honestos artesãos. "
[Karl Marx]



O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenenou a alma dos homens. Levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)

Charles Chaplin

O capitalismo nos transformou em máquinas ou o "progresso" nos fez capitalistas?

Relógio distorcido - Salvador Dali



"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."

Friedrich Nietzsche

O que é o tempo?

Sobre arte

www.historiadaarte.com.br/
www.museuvirtual.com.br/
www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=192

Sobre ciência

www.eciencia.usp.br/ec2008/index.html
cienciahoje.uol.com.br/
www.mct.gov.br/
www.jornaldaciencia.org.br/index2.jsp

terça-feira, 17 de março de 2009

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." Albert Einstein


Vejo no escravo da gravura em seus pulsos as algemas
Subitamente vejo-me refletido, almas-gemeas
Em meus pulsos o relógio dita as ordens, somos escravos
Na caverna escura, vivendo em correntes
Na caverna escura atado as regras desse jogo de sombras, pouco sabemos
Aquele que vislumbrar a luz, será posto a ferros
Trancado na cela soltitária, numa camisa de força, se do que vir disser
E o que descreverá ninguém entenderá deverá ser calado
A gota a diluir-se no mar, a gota a diluir-se no mar
E para sempre assim será
Para sempre, será?
Somos escravos nesse labirinto sem paredes
Somos peixes presos na própria rede
Que tecemos dia a dia, noites a fio
Pois é seguro sem medo sem frio a frente da TV, anestesiando mentes
Drenando-as via satélite, em rede
Presos na própria rede, presos na própria rede
(A gota a diluir-se no mar, para sempre assim será).



Porque o mundo dos sentidos nos faz perder de vista o mundo das idéias?

Encomende uma biblioteca.


Livros são sinal de cultura. Ter uma casa cheia deles, então, é super culto. Mas dá trabalho, é caro, e demora a acontecer, porque você não compra 15 livros de uma vez para ler. Na verdade, demorava. O site Wonder Book agora oferece bibliotecas inteirinhas para você dar uma de intelectual. E não é caro. Como os livros são velhos e de sebos, uma prateleira inteira pode sair por menos de 20 dólares. E dá pra escolher as cores das capas, se você só quer livros bem antigos e gastos, com ou sem mofo, grandes para mesinha de centro, etc... Tem pra todos os gostos! É bem bizarro, mas vai que você, um dia, pega um deles pra ler...

Aprender sem pensar é tempo perdido! 'Confúcio'


Admiração, espanto, crítica, reflexão, conhecimento, pensamento. Podemos começar a compreender o que significa pensar quando nós mesmos pensamos. Todavia, pode acontecer que alguém queira ou não pensar. Ser capaz (de pensar) significa deixar que algo chegue a nós no seu ser, e permitir constantemente este acesso. Ocorre que deixamos vir a nós, de modo geral, apenas o que nos apraz, aquilo a que somos apegados. O que amamos, que nos apraz verdadeiramente, é apenas aquilo que já nos amou primeiro, na nossa essência, o que significa que temos uma inclinação para tal. Dizer inclinação significa “voltar-se para a palavra” o que quer dizer literalmente, conforto, encorajamento. Quando esta palavra se encontra em nós, em relação à nossa essência, nos atrai para a essência e nos mantém nela. “Ter” significa aqui, propriamente “conservar”. O que se tem em essência, tem-se apenas a fim de que nós possamos pensar, isto que temos. Conseguimos pensar se conseguimos reter na memória. Diz-se que a memória é o re-colher-se do pensamento. Recolher-se em que? Recolher-se no que temos essencialmente, isto é, na medida em que tomamos algo em consideração. Apenas quando amamos aquilo que está sendo considerado, só então somos capazes de pensar. Ou seja, na medida em que damos atenção ao que está sendo considerado. Considerar quer dizer, ter interesse. Inter-essere significa: estar entre e por entre as coisas, estar em meio a algo e perseverar. O que ocorre é que para o tempo moderno, o que interessa é apenas o interessante. Interessante é aquilo que, passados alguns instantes, torna-se indiferente, sendo que o “interessado” passa para uma outra coisa, que importa tanto quanto a primeira, não há perseverança, na coisa que parece interessar. Acredita-se que, para que algo seja interessante, seja preciso conferir-lhe um campo particular. Na realidade, com um tal juízo o que se faz é rebaixar o interessante ao nível do indiferente, para repeli-lo até o nojo. Tudo é interessante, mas nada interessa! O caráter fundamental do pensar é o representar. No representar se desenvolve o perceber. O representar mesmo é re-apresentação. Mas porque o pensar reside no perceber? Porque o perceber se desenvolve no representar? E porque o representar é re-apresentação? Parece simples. O representar oculta-se em um fenômeno pouco aparente, o ser, que então aparece como presença. Ser significa presença. Presente é isto que dura, que se desenvolve chegando ao desvelamento e permanece. Em termo modernos, quando nós representamos os objetos na sua objetividade, nós já pensamos. Mas nós todavia, ainda não pensamos verdadeiramente. Aquilo que dá a pensar, permanece, retirado, oculto. Por isso o nosso pensamento não está ainda no seu próprio elemento. Nós ainda não pensamos autenticamente.

segunda-feira, 16 de março de 2009

"Sonha e serás livre de espírito. Luta e serás livre na vida." Che Guevara



Para Kant, ser livre é ser autônomo, isto, é dar a si mesmo as regras a serem seguidas racionalmente. Todos entendem, mas nenhum homem sabe explicar.

Para Spinoza, ser livre é fazer o que segue necessariamente da natureza do agente.

Para Leibniz, o agir humano é livre a despeito do princípio de causalidade que rege os objetos do mundo material.

Para Schopenhauer, a ação humana não é, absolutamente, livre. Todo o agir humano, bem como todos os fenômenos da natureza, até mesmo suas leis, são níveis de objetivação da coisa-em-si kantiana que o filósofo identifica como sendo puramente Vontade.

Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de tudo, livre. O homem é livre mesmo de uma essência particular, como não o são os objetos do mundo, as coisas. Livre a um ponto tal que pode ser considerado a brecha por onde o Nada encontra seu espaço na ontologia.




"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles
(Romanceiro da Inconfidência)



Liberdade, em filosofia, designa de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários.



O que é então a liberdade? Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no mundo. O mundo está já constituido, mas também não está nunca completamente constituído. Sob o primeiro aspecto, somos solicitados, sob o segundo, somos abertos a uma infinidade de possíveis. Mas esta análise é abstrata, pois existimos sob os dois aspectos ao mesmo tempo. Portanto, nunca há determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou coisa e nunca sou consciência nua. Em particular, mesmo nossas iniciativas, mesmo as situações que escolhemos, uma vez assumidas, nos conduzem como que por benevolência. A generalidade do "papel" e da situação vem em auxílio da decisão e, nesta troca entre a situação e aquele que a assume, é impossível delimitar a "parte da situação" e a "parte da liberdade". Torturam um homem para fazê-lo falar. Se ele se recusa a dar os nomes e os endereços que querem arracar-lhe, não é por uma decisão solitária e sem apoios; ele ainda se sente com seus camaradas e, engajado ainda na luta comum, está como que incapaz de falar; ou então, há meses ou anos, ele afrontou esta aprovação em pensamento e apostou toda sua vida nela; ou enfim, ultrapassando-a, ele quer provar aquilo que sempre pensou e disse da liberdade. Esses motivos não anulam a liberdade, mas pelo menos fazem com que ela não esteja em escoras no ser. Finalmente, não é uma consciência nua que reside à dor, mas o prisioneiro com seus camaradas ou com aqueles que ele ama e sob cujo olhar ele vive. [...] E sem dúvida é o indivíduo, em sua prisão, que reinvidica a cada dia esses fantasmas, eles lhe restituem a força que ele lhes deu, mas, reciprocamente, se ele se envolveu nesta ação, se ele ligou a estes camaradas ou aderiu a esta moral, é porque a situação histórica, os camaradas, o mundo ao seu redor lhe parecem esperar dele aquela conduta. Assim, porderíamos continuar sem fim a análise. Escolhemos nosso mundo e o mundo nos escolhe.

MERLEAU-PONTY

Anayde Beiriz .: "PANTHERA DOS OLHOS DORMENTES "


“ Paixão e morte na Revolução de 1930”
COADJUVANTES DA HISTÓRIA

A história oficial que todos conhecem normalmente se concentra nos fatos principais e nos personagens mais relevantes. Porém sempre existem aqueles personagens que agem nos bastidores e que não se destacam no primeiro plano dos fatos, mas sua presença e ações acabam influenciando de forma indelével o rumo da história. Normalmente por injustiça ou simplesmente por um excesso de simplificação dos fatos históricos, estes personagens acabam sendo desconhecidos da maioria das pessoas.E nesta categoria de coadjuvantes da história oficial, as mulheres são presença garantida. Muitas vezes a sua presença acaba mudando a história. Foi por causa de Ana Bolena que Henrique VIII rompeu com a igreja católica e implantou o anglicanismo na Inglaterra, só para citar um exemplo.E na nossa história temos algumas mulheres interessantes, que estiveram ao lado de personagens poderosos ou participaram ativamente da história, sem serem devidamente lembradas. Anita Garibaldi, Ana Nery, Maria Quitéria, Xica da Silva, Marquesa dos Santos, entre outras.Na história do Brasil do século XX, uma mulher acabou envolvida com personagens que sairiam da vida para entrar na história, e os fatos que vivenciaram culminaram com a “Revolução de 30”, a qual mudou a história do Brasil por completo. Seu nome era Anayde Beiriz.A paraibana Anayde Beiriz nasceu em 18 de fevereiro de 1905. Durante os estudos, acabou se destacando nos mesmos. Formou-se na Escola Normal no início dos anos 20 e passou a ensinar para pescadores da então vila de Cabedelo.Anayde era uma bela mulher, tanto que ganha um concurso de beleza promovido em 1925 pelo Correio da Manhã. Mas o que chamava a atenção eram os seus olhos negros, os quais lhe valeram a alcunha, entre os amigos, de “pantera dos olhos dormentes”. Se considerarmos a mentalidade conservadora da sociedade brasileira à época, especialmente a paraibana, Anayde não era bem vista devido a suas idéias progressistas. Ela estava envolvida em movimentos artísticos, pois era poetisa e freqüentava saraus literários, defendia a participação das mulheres na política em uma época que elas sequer podiam votar. Também ousava pelas roupas que usava, abusando de decotes, e pelo corte de cabelo, “a lá garçonne”. Não era afeita as convenções no que tange a relacionamentos amorosos. E foi um destes relacionamentos que a fez entrar para a história.
O AMOR EM TEMPOS DE CÓLERAEm 1928, ela começa um relacionamento amoroso com o advogado João Dantas. Este está envolvido na política local, e sua família estava alinhada com os Suassuna. Era um “perrepista”, os assim chamados àqueles que apoiavam o Partido Republicano e a candidatura oficial do governo. Com o conflito entre liberais e perrepistas se acirrando após as eleições e as escaramuças na cidade de Princesa, o advogado acaba se refugiando em Recife, mantendo o relacionamento com Anayde à distância, através de cartas.João Pessoa, acuado pelos adversários, reage e manda revistar as casas dos revoltosos e suspeitos, em busca de armas que poderiam ser utilizadas em uma revolta armada. Uma destas casas foi o apartamento do advogado João Dantas na capital da Paraíba, a época também chamada Paraíba. A Polícia invade o misto de escritório e morada do advogado em 10 de julho de 1930. Não são encontradas armas, mas durante a invasão, os policiais destroem o escritório e arrombam o cofre. Lá encontram a correspondência de Dantas, incluindo as cartas e poemas de amor entre ele e Anayde.Neste ponto há uma controvérsia, pois se tornou comum nos livros de história afirmar que esta correspondência teria sido publicada no jornal do governo estadual, A União. Alguns afirmam que isso não ocorreu, mas que as cartas teriam circulado de mão em mão. De qualquer forma, o teor altamente escandaloso dos poemas e cartas tornou-se de conhecimento público, causando escândalo.
Sentindo-se ferido em sua honra, João Dantas quis lavá-la com sangue. E o fez. No dia 26 de julho, quando João Pessoa estava na Confeitaria Glória, em Recife, João Dantas, acompanhado de um cunhado Augusto Caldas, entra e dispara contra o peito do Presidente da Paraíba. A morte de João Pessoa causa comoção geral na Paraíba e no país, e é o estopim que desencadeia o levante dos revoltosos, que se rebelam em definitivo em outubro, pouco antes da posse de Júlio Prestes. Um mês depois, Getúlio se estabelece como Presidente, a princípio provisoriamente, mas ele estaria presente na vida pública em dois mandatos presidenciais, e sairia apenas quando morto, em agosto de 1950. Na Paraíba, a capital é renomeada para o atual nome de João Pessoa, e a bandeira se inspira no “Nego”, adotando a expressão, além das cores vermelha e negra, representando o sangue e o luto, respectivamente.
Já Anayde se sentiu acuada após o assassinato de João Pessoa, pois todos a perseguiam por razões morais e políticas. Ela abandona sua casa e vai morar em um abrigo na cidade de recife. Lá passa a visitar João Dantas, preso imediatamente após o crime. Este é achado morto nos primeiros dias da Revolução, supostamente por suicídio, mas em circunstâncias pouco claras. A própria Anayde é encontrada morta em 22 de outubro daquele ano, supostamente por envenenamento, sendo enterrada como indigente no cemitério de Santo Amaro.A memória de Anayde foi resgatada principalmente após a publicação do livro de José Jofilly, intitulado “Anayde – Paixão e Morte na revolução de 30”. Em 1983 Tizuka Yamasaki dirige o filme “Paraíba Mulher Macho”, no qual procura contar a história da Revolução de 30 sob a ótica do caso João Dantas e Anayde Beiriz.
UM LIVRO CONTESTA A HISTÓRIA
Aproveitando o centenário de nascimento da poetisa, o médico e escritor Marcus Aranha lançou a poucos dias o livro “Anayde Beiriz – Panthera dos Olhos Dormentes”. O enfoque deste livro, ao contrário do livro de José Joffily, não são os fatos históricos da Revolução de 30. De fato, o médico traz novos fatos sobre a vida amorosa de Anayde, e polemiza ao afirmar que o grande amor de Anayde não teria sido João Dantas, e sim o jovem estudante de medicina Heriberto Paiva, que posteriormente teria se tornado oficial da Marinha. Para escrever este livro, o autor utilizou-se de trechos do diário de Anayde, cartas, documentos pessoais, alguns inéditos, material fornecido por familiares da poetisa e professora.
Ao se ler a correspondência de Anayde, pode se ter uma idéia da personalidade daquela mulher, um misto de romantismo e ousadia. Abaixo transcrevemos um trecho de uma carta enviada a Heriberto Paiva, a quem ela chamava carinhosamente de “Hery”.
“(...) O amor que não se sente capaz de um sacrifício não é amor; será, quando muito, desejo grosseiro, expressão bestial dos instintos, incontinência desvairada dos sentido, que morre com o objetivar-te, sem lograr atingir aquela atura onde a vida se torna um enlevo, um doce arrebatamento, a transfiguração estética da realidade... E eu não quero amar, não quero ser amada assim... Porque quando tudo estivesse findo, quando o desejo morresse, em nós só ficaria o tédio; nem a saudade faria reviver em nossos corações a lembrança dos dias findos, dos dias de volúpia de gozo efêmero, que na nossa febre de amor sensual tínhamos sonhado eternos.
Mas não me julgues por isto diferente das outras mulheres; há, em todas nós, o mesmo instinto, a mesma animalidade primitiva, desenfreada, numas, pela grosseria e desregramento dos apetites; contida, nobremente, em outras, pelas forças vitoriosas da inteligência, da vontade, superiormente dirigida pela delicadeza inata dos sentimento ou pelo poder selético e dignificador da cultura.
Não amamos num homem apenas a plástica ou o espírito: amamos o todo. Sim, meu Hery, nós, as mulheres, não temos meio termo no amor; não amamos as linhas, as formas, o espírito ou essa alguma coisa de indefinível que arrasta vocês, homens, para um ente cuja posse é para vocês um sonho ou raia às lides do impossível. Não, meu Hery, não é assim que as mulheres amam. Amam na plenitude do ser e nesse sentimento concentram, por vezes, todas as forças da sua individualidade física ou moral.
É pois assim que eu te amo, querido; e porque te amo, sinto-me capaz de esperar e de pedir-te que sejas paciente. O tempo passa lento, mas passa...
...E porque ele passa, e porque a noite já vai alta, é-me preciso terminar.
Adeus. Beija-te longamente, Anayde”
PARA SABER MAIS Além do livro de José Jofilly e do novo livro de Marcus Aranha, também foi lançada a biografia de João Dantas há poucos anos. E, em João Pessoa, estão sendo promovidos eventos e exposições em comemoração ao centenário de Anayde. A casa da poetisa, onde atualmente funciona uma cantina, foi tombada pelo patrimônio histórico desde 2002, graças a iniciativa de pesquisadores.

Planeta sustentável

A ideia é simples: uma pequena ação multiplicada por muitas pessoas pode mudar o mundo. Pensando nisso, os idealizadores do site We are what we do listaram 130 atitudes que vão desde evitar o uso de sacolas plásticas sempre que possível e fazer café para uma pessoa mais ocupada do que você até “não começar uma guerra”.

Os cadastrados devem escolher – sem trapacear – o que fazem para melhorar o mundo e montar sua própria trilha sustentável. Dessa forma, os usuários podem acompanhar os caminhos percorridos por outros, adicioná-los como amigos, mandar sua mensagem para o mundo e contabilizar tudo isso. Dá para saber quantas e quais pessoas marcaram a opção “Não cantar no chuveiro”, ao todo, por país e por gênero.

Para ajudar a memória, cada opção de atitude traz, além da explicação, papéis de parede para download e links bacanas relacionados. Conecte-se!

Acompanhe essa idéia!

planetasustentavel.abril.com.br/

Sobre filosofia

portal.filosofia.pro.br/
www.filosofia.com.br/
www.mundodosfilosofos.com.br/

Sobre literatura

www.brasilescola.com/literatura/
www.suapesquisa.com/literatura/
www.mundoeducacao.com.br/literatura/os-generos-literarios.htm

Sobre psicologia

www.brasilescola.com/psicologia/
www.scielo.br/ptp

sábado, 14 de março de 2009


Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.
Charles Chaplin

LISPECTOR, Clarice. Perto do Coração Selvagem.

Deus meu eu vos espero, Deus, vinde a mim, Deus, brotai no meu peito. Eu não sou nada, e a desgraça cai sobre minha cabeça e eu só sei usar palavras e as palavras são mentirosas, e eu continuo a sofrer - afinal o fio sobre a parede escura -. Deus, vinde a mim e não tenho alegria e minha vida é escura como a noite sem estrelas e Deus, porque não existes dentro de mim? Porque me fizeste separada de ti? Deus, vinde a mim, eu não sou nada, eu sou menos que o pó e eu te espero todos os dias e todas as noites. Ajudai-me, eu só tenho uma vida e essa vida escorre pelos meus dedos e encaminha-se para a morte serenamente e eu nada posso fazer e apenas assisto ao meu esgotamento em cada minuto que passa. Sou só no mundo, quem me quer não me conhece, quem me conhece, me teme e eu sou pequena e pobre. Não saberei que existi daqui a poucos anos. O que me resta para viver é pouco, e o que me resta para viver, no entanto, continuará intocado e inútil. Porque não te apiedas de mim, que não sou nada? Dai-me o que preciso. Deus, dai-me o que preciso, e não sei o que seja, minha desolação é funda como um poço e eu não me engano diante de mim e das pessoas. Vinde a mim na desgraça e a desgraça é hoje, e a desgraça é sempre. Beijo teus pés e o pó dos teus pés. Quero me dissolver em lágrimas. Das profundezas chamo por vós, vinde em meu auxílio que eu não tenho pecados. Das profundezas chamo por vós. E nada responde e meu desespero é seco como as areias do deserto e minha perplexidade me sufoca, humilha-me, Deus, esse orgulho de viver me amordaça - eu não sou nada -. Das profundezas chamo por vós. Das profundezas chamo por vós. Das profundezas chamo por vós. Das profundezas chamo por vós.


Não, não, nenhum Deus, eu quero estar só. E um dia virá, sim, um dia virá em mim a capacidade tão vermelha e afirmativa quanto clara e suave, um dia o que eu fizer será cegamente, seguramente, inconscientemente, pisando em mim, na minha verdade, tão integralmente lançada no que fizer que serei incapaz de falar, sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento. Eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro. Não haverá nenhum espaço dentro de mim para eu saber que existe o tempo, os homens, as dimensões, não haverá nenhum espaço dentro de mim para notar sequer que estarei criando instante por instante, não instante por instante; sempre fundido, porque então viverei, só então serei maior que na infância, serei brutal e mal feita como uma pedra, serei leve e vaga como o que se sente e não se entende, me ultrapassarei em ondas. Ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim, até a compreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque basta me cumprir e então nada impedirá o meu caminho até a morte sem medo de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo.