segunda-feira, 20 de abril de 2009

Política animada


O presidente Lula virou personagem na série de animação "South Park".
Num episódio que foi ao ar recentemente, nos Estados Unidos, intitulado "Pinewood Derby", Stan mata um alienígena tido como perigoso. Em seguida, a polícia espacial aterrissa na cidade e pergunta pelo alienígena.
O pai de Stan, que está conversando por telefone com diversos líderes mundiais, entre os quais Lula, questiona se alguém viu o alienígena.

Nesse momento, a tela se divide em quatro, mostrando vários políticos que negam ter visto a criatura. O presidente Lula aparece nesse momento no canto inferior direito, sentado com a bandeira do Brasil ao fundo.

A polícia espacial explica que o alienígena é procurado por roubar milhões em dinheiro do espaço, que é logo encontrado pelos personagens. Eles mentem sobre desconhecerem o paradeiro do dinheiro.

A partir daí, o pai de Stan começa a controlar e dividir o dinheiro entre os países do mundo. Diante da ameaça da Finlândia de revelar a verdade à polícia espacial, as demais nações resolvem acabar com o país nórdico.

Em uma nova visita da polícia espacial, os personagens voltam a mentir, com a exceção de Stan. É nesse momento que Lula volta a surgir, desta vez no canto inferior esquerdo da tela, acompanhado de dois assessores. Para manter a história mentirosa, ele solta a fala: "Sem mudanças".

Outros líderes mundiais também podem ser identificados, como o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, entre outros.

No fim, a polícia espacial revela que o caso do alienígena procurado não passa de um teste para ver se um planeta é confiável o suficiente para se juntar à Federação dos Planetas.

O que se pode esperar da política contemporanea?

Time up!




'Santo Agostinho e sua reflexão sobre o tempo.'

Costumamos dividir o tempo em três partes: passado, presente e futuro. Mas, segundo Santo Agostinho, só temos a capacidade de perceber e medir o tempo no momento em que decorre

O tempo é, e sempre tem sido, um problema filosófico de grande interesse, principalmente em nossa época. Aliás, não só para filósofos e cientistas, mas também para o indivíduo comum, que está acostumado a organizar e realizar suas tarefas e experiências de acordo com a idéia de tempo concebida como sucessão de instantes traduzida em presente, passado e futuro. Agostinho de Hipona (354-430) foi um dos grandes pensadores a se preocupar com esta problemática.

O QUE É O TEMPO?

A reflexão filosófica de Agostinho sobre o tempo é uma de suas mais brilhantes análises filosóficas, a qual o torna, embora sendo um pensador medieval, muito mais contemporâneo do que muitos outros da atualidade. O modo como Agostinho expõe suas interrogações com relação ao tempo marca a reflexão ocidental até os dias de hoje.
Questiona Agostinho: “Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.”
Agostinho defronta-se com algumas dificuldades principais ao falar sobre o tempo: não podemos apreendê-lo, pois o tempo nos escapa, não conseguimos medi-lo. E também não podemos percebê-lo.
A nossa percepção do tempo permite dividi-lo em três partes: passado, presente e futuro. A partir de nossa experiência, sabemos que esses três tempos são bastante distintos entre si. O passado é o tempo que se afasta de nós, de nossa consciência, de nossa percepção; é tudo que já não é mais palpável, simplesmente porque já se foi. Chamamos de presente o “agora”, o tempo em que nossas experiências acontecem, no momento em que ocorrem. E o futuro, por sua vez, corresponde ao conjunto de todos os eventos que se concretizam na medida em que o tempo passa. Em outras palavras, o futuro é como o lugar onde estão prontos todos os fatos que presenciamos quando determinado período de tempo vier a transcorrer, por menos ou por mais extenso que seja.
De acordo com nossa percepção, dividimos o tempo em três partes distintas: o presente, o passado e o futuro. Seria necessário, neste momento, lançar mão à seguinte questão levantada por Agostinho: É possível medir o tempo? “E, contudo, Senhor, percebemos os intervalos dos tempos, comparamo-los entre si e dizemos uns são mais longos e outros mais breves. Medimos também quando esse tempo é mais comprido ou mais curto do que o outro, e respondemos também que um é duplo ou triplo, ou que a relação entre eles é simples, ou que este é tão grande como aqueles. As vezes não medimos os tempos que passam, quando os medimos pela sensibilidade. Quem pode medir os tempos passados que já não existem ou os futuros que ainda não chegaram? Só se alguém se atrever a dizer que pode medir o que não existe! Quando está decorrendo o tempo, pode percebê-lo e medi-lo. Quando, porém, já tiver decorrido, não o pode perceber nem medir, porque esse tempo já não existe”
Desta forma, não conseguimos medir o tempo. O presente porque não tem nenhum espaço; o futuro porque ainda não veio e o passado porque já não existe mais. Podemos perceber e medi-lo apenas no momento em que está decorrendo.

Tempo: convenção ou realidade?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Silenciamento da desrazão


Foucault se perguntou como foi que se definiu a moderna decisão que apartou a razão de seu outro, contando-nos uma história na qual o saber psiquiátrico era compreendido como a etapa derradeira de um longo processo de silenciamento da desrazão, cujos primeiros sintomas já se deixariam evidenciar em acontecimentos do século 17 como a instituição do Hospital Geral, o grande internamento e a metafísica de Descartes. Segundo Foucault, Descartes teria excluído a loucura do processo da dúvida metódica que leva à descoberta do cogito, explicitando assim a decisão fundamental da modernidade em opor a ordem da razão à desordem da desrazão: se duvido, penso, e se penso não posso ser louco.

Em As palavras e as coisas, Foucault formulou o polêmico conceito de épistémè. Aludia-se com ele a uma ordem ou princípio de ordenação dos saberes anterior a qualquer enunciado visando o conhecimento, de modo que a épistémè epistémé seria a instância arqueológica profunda que tornaria qualquer enunciado possível: tratava-se de nomear o solo fundamental que conferiria legitimidade e positividade ao saber de cada época. Em outras palavras, Foucault não se propunha a fazer uma história das ciências ou uma história das ideias, mas procurava descrever a configuração e as transformações históricas das diferentes épistémès, as quais marcariam diferentes possibilidades de pensamento e conhecimento, sem qualquer linearidade progressiva na passagem de uma épistémè a outra. Subjacente a toda cultura e, portanto, a toda forma de conhecimento, Foucault detectava a existência de uma ordem, de um espaço de identidades, de similitudes e de analogias por meio das quais classificamos e distribuímos os objetos do conhecimento. A obra era polêmica e despertou grande interesse e muitas críticas, pois Foucault foi acusado de hipostasiar a história e a práxis humana por detrás da ação silenciosa de estruturas anônimas.

Atualmente somos mais vigiados ou punidos ?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

meta modernidade!?


Os meios audiovisuais, utilizando-se da sua capacidade de atingir mais sentidos humanos (visão e audição, responsáveis por mais de ¾ das informações que chegam ao cérebro), têm um potencial mais rico e imediato para transmitir sua mensagem e sua visão de realidade. A literatura, a música e a poesia dependem de um grau mais alto de abstração e interação lógica com o intelecto. Não obstante, outras artes “mais antigas” já tiveram seus momentos de mescla entre ficção e realidade, como as pinturas rupestres das cavernas (que “eram” os próprios animais pintados, e não representações deles) ou a escultura das primeiras civilizações (que buscavam a própria forma do real). Hoje, entretanto, estão na esfera da arte, ou ficção. Pode ser que, num futuro incerto, o homem ria do vídeo, perguntando-se como pôde um dia acreditar numa imagem formada por circuitos eletrônicos. Mas, até lá, continuará em dúvida sobre sua validação ou não como parte da realidade.

Fato: Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!
Vontade: A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.
Humanidade: Os homens graves e melancólicos ficam mais leves graças ao que torna os outros pesados, o ódio e o amor, e assim surgem de vez em quando à sua superfície.
Moral: Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio?
Conhecimento: Logo que comunicamos os nossos conhecimentos, deixamos de gostar deles suficientemente.

A ciência não diz nada! A razão morreu! Não há conhecimento!

O que você pensa a respeito?

domingo, 5 de abril de 2009

Magritte a caminhar . . .




O poder do sono e do sonho é algo de bem conhecido e trabalhado pelos poetas e pintores surrealistas e metafísicos. Magritte é dos que tem mais sedução e magia, entre os vários do seu tempo. Alia ao prazer das práticas de surpresa dos cadavres-exquis uma subtil ironia, que se traduz nos títulos que atribui aos quadros, de parceria com os amigos, à mesa do café ou no espaço do atelier e onde a "desadequação" fazia parte do programa e da doutrina. Não se queria a lógica, mas a contradição de que emanava uma espécie de liberdade, um espaço onde se podia ser verdadeiramente criador.
A lógica da contradição, por vezes cruel, pode ser descoberta em Bosch, como em Magritte, apesar dos séculos que os separam.Em ambos se adivinha a presença da linguagem alquímica, que Breton teorizou e defendeu como própria dos artistas, poetas ou pintores.De facto todos , quanto mais não fosse pelo convívio regular , iam bebendo dessa fonte e muitas vezes se inspiravam uns nos outros, pelos temas e pelos títulos. De algum modo o que ali acontecia era já a discussão da linguagem , da representação e da comunicação.
Magritte acreditava nos mecanismos do automatismo criador do inconsciente e da sua linguagem, poética ou pictórica.Nos ÉCRITS COMPLETS DE RENÉ MAGRITTE, André Blavier sustenta que embora o artista negasse praticar o cadavres-exquis é possível encontrar marcas desse exercício preconizado por Breton nas suas obras( Blavier,1981).
Magritte gostava de dizer " eu crio o desconhecido com coisas conhecidas": assim a escolha de objectos, como o célebre cachimbo cujo título é "ceci n'est pas une pipe, isto não é um cachimbo" e outros de um quotidiano que deixa de ser banal por ser representação , muitas vezes simbólica (metafísica) e de forte carga onírica. A sua mão segue um impulso que o leva para os grandes arquétipos fundadores que se encontram noutros Mestres e em muitos tratados antigos: só como exemplo, a Pedra, em bruto ou polida, pousada ou elevando-se no ar, a Esfera, o Ovo, o Carvalho, os Rostos tapados dos Amantes, os Corpos mixtos de matéria animal e vegetal, etc.
Diz o pintor, reflectindo sobre a evolução da sua obra:" encontrei uma possibilidade nova para as coisas, é a de se converterem gradualmente noutra coisa, um objecto funde-se num outro objecto...por exemplo o céu em certos sítios deixa aparecer madeira." (Taschen,p.51)
Assim se faz o caminho de Magritte, cuja definição de Surrealismo é muito importante pelo que tem de afirmação do processo imaginário alquímico :
"O Surrealismo é o momento em que já não há contraste algum entre o alto e o baixo, entre o branco e o negro" (LA LIGNE DE VIE, 1955) .
Aqui temos a definição do mysterium coniunctionis , que Jung estudou em três volumes, tal a quantidade de matéria passível de investigar.Resumo dizendo que se trata da União dos Opostos, procurada em todos os tratados alquímicos, orientais ou ocidentais. No fundo toda a Arte vem de longe, do longe da memória dos tempos,do longe da memória dos desejos da alma.
O quadro que tem por título Le Modèle Rouge (1935)representa dois pés- sapatos, ou botas , com atacadores, prontos a ser calçados...para o caminho.
Termino com a legenda de Michael Maier, na ATALANTA FUGIENS , para a gravura XXVII: aquele que tenta entrar sem chave no Roseiral dos Filósofos é como um homem que queira andar sem pés". Ora os pés aqui já não faltam.