terça-feira, 23 de março de 2010

Ao meu ver


Dentro de mim desabrocha uma quimera toda manhã.

É que eu insisto nas coisas impossíveis,

Sinto que isso me faz um tanto bem maior.

Eu me privei. Me privei pra o que não tem conteúdo,

Me privei para o que, ao meu ver, não me faz crescer.

Sou sonhadora, afinal, antes das realizações vem os sonhos.

A inconstância me domina, mas e daí? Não quero ser a mesma sempre!

Há em mim um desejo forte de revolucionar,

Uma vontade doce de mudança, um objetivo de marcar.

Aprendi que devo fazer diferente, tenho que me entregar mais.

Amo! Permito-me! Apaixono-me!

E depois, se eu quiser, mudo de idéia.
Tudo é pra sempre, tudo é eterno.

Vivo cada momento com total intensidade, pois não irei vivenciá-lo outra vez.

Escrevo minha história, mudo minha história.

Faço diferente pelo menos desta vez.

Gosto de conteúdo, gosto de aventuras.

Sou razão e muita sensibilidade.

Sigo nessa estrada de amor e ódio, medo e coragem.

Não me importo com o que pensam, simplesmente vivo.


Nathálya de Andrade

sexta-feira, 19 de março de 2010

sem título


De essência a reticência,
Sei muito bem cada espaço, estrofe e verso.
A minha alma ta a minha aparência;
Ora arrumada, ora jogada, ora estática.

Sou defesa, sou clemência.
Em meus pensamentos me perco e regresso.
Na vertigem ilusória de influências,
Submeto-me a meras práticas apáticas.

Há de mudar algum dia!
Esse sentimento frio e escasso,
Fruto de uma atitude impávida.

Fiz-me ausência na reticência
Hoje sou o espaço do descaso
Serei as palavras e sensações ditas na essência.



Nathálya de Andrade

quinta-feira, 18 de março de 2010

caos.


tá faltando graça nesse nosso circo

tá faltando tinta nesse palhaço ...

terça-feira, 16 de março de 2010

coisa boa :D


Se um dia nois se gostasse

Se um dia nois se queresse

Se nois dois se empareasse

Se juntim nois dois vivesse

Se juntim nois dois morasse

Se juntim nois dois drumisse

Se juntim nois dois morresse

Se pro céu nois assubisse

Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse

a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice

E se eu me arriminasse

E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Tarvês que nois dois ficasse

Tarvês que nois dois caisse

E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

Mistérios


Esse olhar, sempre fitando o infinito

Envolto em mistérios

Ainda tráz a emoção de um

Brilho bonito

Quantos tentaram desvendar esse olhar

Quantos já trilharam os atalhos

Tortuosos desse coração

Eu não posso acreditar

Que a vida saiu pela porta eu eu não notei

Que o cavalo passou encilhado e eu não montei

Quando a banda passar vou jogar o meu corpo na rua

E se o povo cantar vou colar minha boca na sua

Vou sentir o cheiro do povo,

Vou sair pra vida de novo

Fazer tudo que até hoje não pude fazer

Vou vestir a minha seresta

Dividir o bolo da festa

Vou tentar salvar esse pouco que ainda resta,

Da minha juventude

Da minha juventude

Da minha juventude

sexta-feira, 12 de março de 2010


Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar

Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta
E não pensa que eu fui por não te amar

Quero ver você maior, meu bem
Pra que minha vida siga adiante

Adeus você
Não venha mais me negacear
Teu choro não me faz desistir
Teu riso não me faz reclinar
Acalma essa tormenta
E se agüenta, que eu vou pro meu lugar

É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom

Quero não saber de cor, também
Pra que minha vida siga adiante.



Marcelo Camelo

quinta-feira, 11 de março de 2010

Só de sacanagem


Meu coração está aos pulos!


Quantas vezes minha esperança será posta à prova?


Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.


Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?


Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?


É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.


Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.


Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.


Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."


Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!


Elisa Lucinda

Idealismo


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo

O amor na Humanidade é uma mentira.

E é por isto que na minha lira

De amores fúteis poucas vezes falo.


O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!

Quando, se o amor que a Humanidade inspira

É o amor do sibarita e da hetaíra,

De Messalina e de Sardanapalo?


Pois é mister que, para o amor sagrado,

O mundo fique imaterializado

— Alavanca desviada do seu fulcro —


E haja só amizade verdadeira

Duma caveira para outra caveira,

Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!



Augusto dos Anjos

segunda-feira, 8 de março de 2010


Já não tenho dedos pra contar

De quantos barrancos despenquei

E quantas pedras me atiraram

E quantas atirei

Tanta farpa, tanta mentira

Tanta falta do que dizer

Nem sempre é so easy se viver

Hoje não consigo mais me lembrar

De quantas janelas me atirei

E quanto rastro de incompreensão

Eu já deixei

Tantos bons, quantos maus motivos

Tantas vezes desilusão

Quase nunca a vida é um balão

Mas o teu amor me cura

De uma loucura qualquer

Encostar no teu peito

E se isso for algum defeito por mim

Tudo bem