quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sobre a cura


Para melhores condições, Caio Fernando de Abreu. Você toma uma dose a cada três horas, no total, oito doses por dia. Pronto, tá curado! Um santo remédio...

Nathálya de Andrade

quinta-feira, 4 de novembro de 2010


As aparências enganam
As mesmas que desenganam
Os olhos do moribundo
O caçador vagabundo
Que viu e não soube ver.


-Zé R.

O sentimento fala, a boca cala.


Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio. Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos - com todos esses arrepios estranhos que um entardecer de outono, como o de hoje, provoca na gente.

- Caio Fernando Abreu

A lista


Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Oswaldo Montenegro

Noite Passada


Naquele instante, o tudo tornou-se nada. Me perdi em teus braços doces e em teus olhos fortes. Tua boca era desejo, teu aroma o mais singular que eu já sentira.
A lua de repente passou a não existir e o que mais me iluminava, era a brancura de teu sorriso. Envolta em teus braços, tinha certeza de que você seria o meu porto-seguro. Minha alma quis ser tua desde o momento em que meus olhos te enxergaram realmente. Dissestes que aquele olhar não esquecerias nunca e era só dele que tu precisavas até o fim da vida.
Por um momento o chão desapareceu, me seguraste e eu me entreguei aos teus cuidados. Decidi ser tua, só tua.
Infelizmente, as doze badaladas tocaram e eu tive que partir. Mas meu coração tinha ficado, exatamente, em tuas mãos. Minha alma entregue à tua e meu sorriso em teu olhar.

Nathálya de Andrade