sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

a insanidade do amor II


CONFRONTO


Bateu, Amor à porta da Loucura.
"Deixe-me entrar, pediu, sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu a paixão"

A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto o Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo, de humano que era, assim tão inumano.

E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu".
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu.

Enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de Amor"
Carlos Drummond de Andrade

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