quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tudo ou Nada


"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte."

Fernanda Mello

Disfarce


Por trás de tudo são só quatro letras. É só fonética, morfologia. Sem acento, substantivo qualquer. Nem verbo não é. AMOR não sabe o que é amar.

Verônica H.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Presente


Não sei muita coisa sobre mim porque raríssimas coisas que me dizem respeito permanecem inalteradas. Quando acho que sei, eu congelo, e me torno rígida, e resisto à fluidez, e atrapalho o fluxo do mar da vida, e quase morro pelo esforço inútil de tentar amarrar as ondas. É quando menos sei que mais evaporo, e me transformo em nuvens de ricas possibilidades que viram a chuva capaz de fertilizar sementes de mudança nas terras áridas da minha ilusória estagnação.

Quando acho que sei, já mudei, mas ainda não sei. Quando acho que sei, já mudei, mas demoro a perceber. Fico lá, agarrada ao que já não é, chorando ou me encantando a partir de emoções que só fazem sentido para o que na maioria das vezes já deixei de ser. É quando menos sei que eu sinto mais. É quando menos sei que eu sei mais. É quando menos sei que eu sou com mais liberdade.

Não sei muita coisa sobre mim e já nem faço tanta questão assim de saber. O que realmente quero é criar espaço para viver a percepção nítida e inédita da beleza disponível de cada instante. Isso, sim, até onde eu pouco sei, é presente. E, quando estou alinhada com o tempo do meu coração, eu sei que é apenas isso, e tudo isso, o que há para ser desembrulhado. Para ser plenamente vivido. Nada mais.

Ana Jácomo

Liberte-se !


Riqueza, prestígio, tudo pode ser perdido, a felicidade em seu coração pode ser diminuída, mas estará sempre lá enquanto você viver, para torná-lo feliz de novo. Sempre que estiver sozinho ou triste, tente ir para o sótão num dia lindo e olhar para fora, não para as casas e os telhados, mas para o céu. Enquanto puder olhar sem medo para o céu, saberá que é puro por dentro, e encontrará a felicidade outra vez.

Extraído de O dia do Coringa - Jostein Gaarder .

De uma ponta a outra


Sê o que quiseres, mas procura sê-lo totalmente.

Thomas Morus

Nenhum homem que tenha vivido conhece mais sobre a vida depois da morte que eu ou você. Toda religião simplesmente desenvolveu-se com base no medo, ganância, imaginação e poesia.

Edgar Allan Poe

Elogio da Loucura


"Com efeito, o que é a vida se suprimis seus prazeres? Merece ela então o nome de vida?... Vós me aplaudis, meus amigos! Ah! Eu sabia o quanto éreis todos muito loucos, isto é, muito sábios, para não compartilhar meu pensamento... Os próprios estóicos amam o prazer; eles não poderiam odiá-lo. Por mais que dissimulem, por mais que difamem a volúpia aos olhos do vulgo, cumulando-a de injúrias as mais atrozes, é puro fingimento! Tratam de afastar os outros dela para que eles próprios a usufruam com mais liberdade. Mas por todos os deuses! Que eles me digam então qual instante da vida não é triste, tedioso, desagradável, insípido, insuportável se não for temperado pelo prazer, isto é, pela loucura. Eu poderia contentar-me aqui em citar o testemunho de Sófocles, esse grande poeta que nunca se terá louvado bastante, e que fez de mim um tão belo elogio quando disse: A vida mais agradável é a que transcorre sem nenhuma espécie de sabedoria. (...)"

Extraído de Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam – 1508.