terça-feira, 29 de junho de 2010

Elogio da Loucura


"Com efeito, o que é a vida se suprimis seus prazeres? Merece ela então o nome de vida?... Vós me aplaudis, meus amigos! Ah! Eu sabia o quanto éreis todos muito loucos, isto é, muito sábios, para não compartilhar meu pensamento... Os próprios estóicos amam o prazer; eles não poderiam odiá-lo. Por mais que dissimulem, por mais que difamem a volúpia aos olhos do vulgo, cumulando-a de injúrias as mais atrozes, é puro fingimento! Tratam de afastar os outros dela para que eles próprios a usufruam com mais liberdade. Mas por todos os deuses! Que eles me digam então qual instante da vida não é triste, tedioso, desagradável, insípido, insuportável se não for temperado pelo prazer, isto é, pela loucura. Eu poderia contentar-me aqui em citar o testemunho de Sófocles, esse grande poeta que nunca se terá louvado bastante, e que fez de mim um tão belo elogio quando disse: A vida mais agradável é a que transcorre sem nenhuma espécie de sabedoria. (...)"

Extraído de Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam – 1508.

Um comentário:

  1. muito bom essa livro
    quando eu tava lendo eu lembrei de um tercho de um poema de manuel bandeira:

    "Quero antes o lirismo dos loucos
    O lirismo dos bêbados
    O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
    O lirismo dos clowns de Shakespeare"

    é uma discursão sobre a liberdae,
    que só os loucos a tem...

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