quarta-feira, 22 de julho de 2009

Esquecer que se existe


A vontade de viver condiciona todos os aspectos da existência, produzindo alternadamente sofrimento ou tédio. E posto o instinto de sobrevivência está destinado ao fracasso (porque todo o ser vivente deve morrer), não existe saída para essa dor universal. A única possibilidade de aplacar algum modo a infelicidade constitutiva da existência está em combater a vontade de viver com exercício não-vontade ou nolontade. Schopenhauer aconselha o silêncio, o jejum, a castidade, a renúncia sistemática, a fuga temporária da realidade por meio da arte ou de práticas orientais de meditação. Mesmo as técnicas praticadas pelos ascetas para atingir o êxtase, depois de desvinculadas dos pressupostos e enquadradas em um rígido ateísmo podem fucionar, porque são capazes de afastar a psique do sujeito da normalidade cotidiana, induzindo-o por um curto período a esquecer-se de que existe.

É possível viver sem experimentar o sofrimento?

Existe alguma possibilidade de aniquilar a vontade de viver que domina angustiadamente a existência?

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