quinta-feira, 11 de março de 2010


Idealismo


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo

O amor na Humanidade é uma mentira.

E é por isto que na minha lira

De amores fúteis poucas vezes falo.


O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!

Quando, se o amor que a Humanidade inspira

É o amor do sibarita e da hetaíra,

De Messalina e de Sardanapalo?


Pois é mister que, para o amor sagrado,

O mundo fique imaterializado

— Alavanca desviada do seu fulcro —


E haja só amizade verdadeira

Duma caveira para outra caveira,

Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!



Augusto dos Anjos

Nenhum comentário:

Postar um comentário